sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Na chuva

Sinto um cheiro de terra molhada, olho a janela do quarto, é mesmo, confirmo: é chuva. Chove lá fora. É hora de recolher as roupas do varal e deixar enxaguar-se de água que cai do céu.

Quando crianças, acreditamos que seja Deus chorando, crescemos mais um pouco e aprendemos sobre o ciclo da água, hoje acredito que a chuva cai sobre nós, somente para encharcar e lavar a alma, só para isso.

Crendo nisso, deixei minha alma na chuva, como aquela mesma roupa que esquecemos de tirar do varal. Podia ver minha alma estendida e pingando. Ainda de alma estirada, contemplei os pingos de chuva ricocheteando nas pedras, no asfalto e contra a própria água.

Perguntei-me porque muitos outros não se deixavam lavar por águas de chuva (nessa hora muitos se esquivavam de serem purificados pela chuva que caia). Quis gritar e dizer: deixem-se levar, deixem-se lavar!

E não tive forças para fazer isso. Ali, estendida e pingando, só quis ficar de rosto para o alto, olhos fechados, mãos abertas, pés com água cobrindo e com chuva açoitando meu corpo. Fui egoista. Quis aquela chuva só para mim, quis que os pingos d´agua caissem só pelo meu rosto, molhassem somente meus cabelos, ricocheteassem somente por esse corpo que é meu, lavassem a minha alma.

Percebendo cada vez menos a intensidade dos pingos sobre mim e escutando menos ainda a chuva cair do céu no chão, sai do estado de transe em que me encontrava. Àquela hora a chuva estava parando, era hora de apressar a lavagem da alma.

De súbito, concentrei-me, respirei fundo e disse à chuva como a beijando num desafio: "Lava a minha mente, o corpo é fácil, quero ver conseguir isso."

... não pudemos continuar nossa conversa - a chuva e eu -, ela acabou ou desistiu quando desafiada, mais rápido do que eu esperava.



Iúna Gabriella Paiva

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ponto de ...



Consigo
Respiro
Vivo
Sobrevivo
Contribuo
Me afasto
Retorno
Abraço
Beijo
Danço
Bebo
Enrolo
Fumo
Como
Banho
Penso
Leio
Ando
Pego
Escrevo
Espero
Corro


Tudo interrogação....



Iúna Gabriella Paiva




domingo, 13 de setembro de 2009

Momentos que perdemos a " razão"(que já não temos)...

É um momento tão intenso, quanto o vento de um ventilador. É um maracatu de sensações, de cores, formas e sons desbaratinados. Tão desbaratinados quanto nosso cabelos, nossas roupas rotas, nossas mãos e pés empulseirados.É um dar de ombros no céu e sair flutuando, como se estivesse na nuvem.Aquela mesma nuvem que nos cobre a cabeça cheia de mudanças, cheia de sonhos, cheia de amor,cheia de liberdade.

Mas, liberdade porquê andaste apenas nas nossas cabeças e não no meio de nós?


Iúna Gabriella Paiva

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

À luz da lua

Naquele exato momento, a lua estava escondida, e eu a procurava. E sentindo a minha presença e ânsia da procura, a lua passou a procurar-me também. Ficamos frente a frente. Ela iluminando-me com uma luz mágica e eu a iluminando com o copo de cerveja que tinha às mãos.

Disputava comigo mesmo, o olhar à lua e o olhar ao copo de cerveja. Tentava não ser favorável a nenhum dos lados, queria só ficar ali e assim, por toda a vida. Sentia a paz de ser o que sou. Conversava sobre a inquietude do progredir da vida: ter que nos tornar o que não somos.

Ao fundo, vozes cheias de notas musicais, a equilibrar-se sobre o ritmo de Surfando Karmas&DNA. Presenciei abraços e declarações de amor.

A vida é grande, é mais, é bem maior do que pensamos. A vida é sentir. Viver é viver sentindo. As cadeiras vazias ao redor, no meu pensamento se associaram às pessoas que sentia falta em minha vida. É como se a vida fosse um conjunto de mesas e cadeiras. Era como se eu fosse a mesa, e sentisse falta daquelas "cadeiras", que na verdade são pessoas.

E cheguei a uma revelação: Estou em busca do ser interior. Estou a um pulo do precipício de não aguentar mais tudo ao redor. Estou em busca de mim.

E as pessoas nunca saem da minha mente, se não consigo dormir muitas vezes, talvez seja minha mente buscando-as, farejando-as, ressuscitando-as, renascendo-as, implorando-as.

A minha mente quer equilibrio. Quero calmaria.


Iúna Gabriella Paiva

domingo, 30 de agosto de 2009

Questões sobre o céu que tenho preguiça de olhar

Ouvindo o "na na na na na" dos Beatles em Hey Jude, tive vontade de sair de casa e abrir a porta que dá à rua. Pensei só em olhar a lua(isso se fosse mesmo noite de luar), porque ultimamente não tenho olhado o céu, talvez medo de olhar-lo e deitar-me no chão em pleno público só para admirá-lo.

E olhando o céu me pergunto: se aquele lugar seria a morada de um Deus - criador dessa terra e dono desse céu -, um Deus dos homens, que os criou à sua imagem e semelhança?

Acho que não. Acho que o céu, só é habitado por nuvens. Se pessoas vão para o céu, também acho que não.

Se não regressamos ao pó, vamos para uma natureza em algum lugar, mas não para o céu de nuvens.

E se as nuvens que vemos e damos cores e formas, são efeitos da lotação de pessoas no céu?



Iúna Gabriella Paiva

domingo, 23 de agosto de 2009

Já disse! Estamos sem destino...


Existe uma música pra todos os momentos da nossa vida, essa é a música que está se encaixando feito quebra-cabeças nesse momento da minha vida.


GUARANTEED de Eddie Vedder

De joelhos não é maneira de ser livre
Levantando um copo vazio, pergunto silenciosamente
Todos meus destinos aceitarão aquele que realmente sou
Para que eu possa respirar...
Círculos que crescem e engolem pessoas completamente
Metade de suas vidas, dizem boa noite para esposas que
nunca conhecerão
Uma mente cheia de perguntas, e um professor em minha
alma
E por aí vai...
Não se aproxime ou terei que ir
Tal como a gravidade, são esses lugares que me puxam
Se alguma vez houve alguém para me manter em casa
Seria você...
Todos que encontro, em gaiolas que compraram
Eles pensam sobre mim e minha vida errante, mas eu sou
o que eles nunca pensaram
Eu tenho a minha indignação, mas sou puro em todos os meus pensamentos.
Eu estou vivo...
Vento em meus cabelos, me sinto parte de todos os lugares
Sob meu ser, está uma estrada que desapareceu
Tarde da noite eu ouço as árvores, elas estão cantando com os mortos no céu..
Deixe comigo que eu encontro um jeito de ser
Considere-me um satélite, sempre orbitando
Eu conhecia todas as regras, mas as regras não me conheciam
Com certeza...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Para querermos nós

Queiramos todos nós, que os homens ejaculem de suas cabeças, idéias que engravidem o mundo de coisas boas.

Queiramos todos nós, não poder sentir o cheiro de podridão da carne humana, assando no sol ao esperar um ônibus.

Queiramos todos nós, não ter que ver o cancêr nascendo no trabalhador de porta em porta.

Queiramos todos nós, ver a piedade do Deus de nossas mães.


Queira eu
Queiras tu
Queira ele/ela
Queiramos nós
Queirais vós
Queiram eles/elas


Homens, escutei a nossa prece.



Iúna Gabriella Paiva

Como um refrão de bolero

No exato momento em que me olho, através de um fundo brilhante de um cd qualquer, vejo nele cores fortes deformando meu rosto, penso em mim como se não fosse meu aquele rosto, aquela expressão triste e sonolenta.

Giro o cd que está entre os dedos meus, como se não quisesse ver-me e o ponho a admirar outro lugar que não seja minha cara.

Tento pensar num próximo filme a baixar de um daqueles "escritores" que enchem meu ser de poesia em seus filminhos, ou, penso mais ainda, e não sei porquê, numa música do grande poeta Belchior, aquela música que fala da divina comédia humana que é a vida.

E o cd entre meus dedos, girando lentamente a procurar-me, até onde eu mesmo não espero. E quando ele dá vida ao dedo que me pertence, que faz parte do mesmo objeto chamado: "meu corpo", um corpo intacto, imóvel, fascinado e a espera de algo que não seja apenas o seu reflexo, como naquele momento.

Estou cansada de reflexões acerca do que não entendo(acerca de mim).


Iúna Gabriella Paiva

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dando o céu ao vício

O ato de intercalar o cigarro,entre a mão e a boca.
Entre o pulmão e o nariz.
A fumaça cobrindo o meu rosto cansado.
Aliviando meus pés descalços.
Respiro suave.
Baixo o cigarro,
solto a fumaça.
Subo o cigarro,
prendo a fumaça.
Solto a fumaça,
vejo fumaça,
e a fumaça se confunde com a nuvem que admiro.
A fumaça vira ar e vira nuvem.
O cigarro em chamas,
acaba virando o meio mais rápido de chegar ao céu.


Iúna Gabriella Paiva

terça-feira, 9 de junho de 2009

Uma história de ida

Um homem joga as frutas que possui
pela porta de trás do ônibus
cheio de almas meio-vivas.
Ninguém o ajuda.
Aos olhos dos demais o homem parece invisível.
Com força de homem trabalhador,
finge não notar isso e nem tão pouco se sente mal.
Vai ao fundo do ônibus , transporte de almas meio-vivas,
e com todo o carinho de homem recolhe as suas filhas frutas.
Logo depois do homem invisível
adentra no meio das almas meio-vivas,
uma mulher:
-Sou surda de nascença!
Pede socorro de 25, 50,1,2,3 reais num papel desbotado.
Estende a mão pelas almas meio-vivas quase iguais a ela.
Um senhor quase nada meio - vivo ignora-a como a um bicho qualquer.
O ônibus prossegue seu percurso que leva ao meu destino.
Encontro um amigo.
Falamos de vida,
de coisas legais,
de pessoas que não são mais as mesmas,
da maneira como vemos a vida agora,
das coisas que fazemos,
e de pessoas ,
e de como gostamos das pessoas.
O pouco tempo que tinha pra conversar se esgotou.
Saí caminhando contra o tempo,
contra o vento,
contra as outras pessoas com destinos contrários ao meu.
O tempo contra mim.
E fui tocar as coisas da vida que muitas vezes são totalmente sem ritmo.


Iúna Gabriella Paiva

terça-feira, 26 de maio de 2009

Poema alcoólico

Mais uma vez está escuro.
Estou bêbada,
dormente,
cheia de fumaça,
inalando fumaça,
soltando fumaça.
Essa fumaça branquinha
que depois enegrecerá meu peito,
meus pulmões.
Me matará,
Me relaxará.
As luzes piscam no quarto escuro,
os carros descem a rua e os faróis iluminam meu quarto,
e não me iluminam,
me cegam.
Estou bêbada,
dormente.
E as luzes se apagam e se acendem
ao meu toque.
Toquei.
Apagou-se tudo.


Iúna Gabriella Paiva

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sonhando em dançar um pagode russo

Pode até parecer loucura mas as casas, paredes, o chão, as calçadas, postes, orelhões, árvores e ar da minha rua, tem cheiro, som e sentimento. Os vejo quase tão cheio de vida quanto a mim.

Depois de muito tempo sem andar pela minha rua, sem sentir seu cheiro, sem ver sua cor, sem sentir seu vento na minha cara, resolvi ir á esquina. Em cada passo que eu dava me lembrava de mim e de meus amigos, e sentia cada um de nós impregnado até nos lugares mais improváveis de se pensar.

Cheguei finalmente a esquina, com os olhos lacrimosos. Sentei na calçada (que é de onde se tem a melhor visão da rua) , e rebobinei em minha cabeça uma parte da minha vida.

Milimetrei cada pedacinho da rua e do céu. É quase impossivel descrever o que pude senti. É mais fácil materializar ou dá conotação ao que senti. Vi um pega-varetas; vi a mim e meus amigos em pleno sol do meio-dia armando uma rede de volêi; vi uma bola canarinho no meio do esgosto e uma mão indo pegá-la para arremassar em alguém; vi um saco de petiscos e refrigerantes espalhados no meio da calçada; vi e dessa vez também ouvi uns meninos e meninas pulando muro pra roubar laranja e cantando paródias com os namoricos que surgiam entre eles; vi um banco imobiliário posto de lado pra combinar uma viagem à Piripiri; ouvi uma voz suave dizer: é férias, vamos pro terreno!; e ouvi passos e gritos de quadrilhas, que tantas vezes foram ecoados pelos pedaços da rua, dando vida a nossa amizade.

E como um ato de loucura elevei a cabeça ao céus como se agradecesse pela chuva que caia, só que não estava chovendo. No fundo eu sabia exatamente o que estava acontecendo, aquilo, era só saudade.

E saudade é alucinante. E mais ainda que não é só saudade de pessoas ou coisas e sim do tempo vivido, do tempo compartilhado, do tempo sublimado entre a loucura e a loucura.

Rebobinando mais ainda o filme na minha cabeça, senti saudades das conversas bestas de xingamento de pai e mãe; de saídas sem rumo; quedas de bicicleta; de banhos de chuvas. Logo na época das chuvas, me imaginei(só imaginei), numa roda de amigos de mãos dadas, com todas as suas diferenças, com toda a adolescência aflorando e com toda a estupidez que a amizade e a idade pudesse permitir.

Pra mim já tinha dado. Era demais pra mim. Era saber o quê e com quem vivi.

Levantei meio cambaleante no rumo de casa. Olhei para minha casa como se esperasse ver minha mãe me chamando pra entrar como antes, e não a vi. E vi que aquilo que estava se passando era o presente, era a vida que o destino tinha guardado pra cada um de nós, no caso pra mim. Como eu queria que minha mãe tivesse me chamando pra ir dormir, poucas vezes na vida desejei isso, nesse momento desejei como uma prece.

Coloquei a mão na parede e disse: -Eu consigo!

Mas eu não consegui. O filme já estava rodando na minha cabeça sem meu controle. Isso estava acabando comigo. Olhei em direção à minha casa mais uma vez. E veio uma explosão de palmas, de palhas, fogueiras e de músicas de Luiz Gonzaga, me fazendo lembrar mais ainda da vida que tenho saudades.

E como nunca desejei eliminar o mês de Junho do calendário, ou da minha vida. Desejei ficar surda pra não ter que ouvir músicas de quadrilha; desejei que não me perguntassem se ia haver arraiá na rua esse ano; desejei que não existissem mais festas juninas na minha vida. Fui fraca. Desejei, desejei. Mas não por maldade, mas por saber que meus amigos são todos "fazedores" de festas juninas e que estas sem eles não se tornariam noites de são joão, xote e baião no salão.

E chorei. Tentei respirar fundo. Por um instante fiquei sem ar. Retomei o ar. E depois de retomar a consciência e voltar ao meu estado normal, agradeci. Agradeci por tudo o que os fazedores de festa junina fizeram pra me tornar o que sou.

Nesse instantezinho de momento,comprovei que não lembramos de amigos como pessoas. E que amigos são coisas, lembranças, gestos, cheiros, ares, músicas, banhos de chuva, pega-varetas, viagens....amigos são só coisas gostosas de se viver.



Iúna Gabriella Paiva

domingo, 17 de maio de 2009

Dando vida ao que bebemos

Era a cachaça pura.
Se soprássemos,
seria um vento de conhaque quente.
Era um corpo bêbado na lama,
enxaguado de éter e álcool,
estendido como um copo quebrado.
Fez do seu corpo uma garrafa.
Nele não nascia nem a flor feia de Drummond.
Ah! E nem o tédio.


Iúna Gabriella Paiva

terça-feira, 14 de abril de 2009

Redes me deixam nostálgica.


Essa foto....

Amigos de sempre, um com sua rede branca com azul desbotada, lavada de ano em ano; outro com uma rede vermelha, com os três primeiros punhos quebrados, lavada sabe-se lá quando; outra com uma rede amarela, a mais limpa de todas as redes(talvez essa seja lavada de seis em seis meses).

Redes desbotadas e sujas(assim como os donos), armadas ao lado da minha rede vermelha mais clara que a outra, que minha mãe me deu alegando que a cor não expõem tanto a sujeira.

Por tempos, e digo por muito tempo mesmo, essas redes armadas desse jeito foram o meu elo com a felicidade. Já não sou tão feliz como no "tempo de redes armadas debaixo de um pé de manga", há muito sinto que isso virou história pra ser lembrada pros filhos dos armadores destas redes.

E sinto falta.E me deixo consumir por uma questão existencial entre mim e armadores de redes. E faço disto um drama. Um samba, uma trama sem enredo. É mesmo uma questão de não querer acreditar.De ir contra a realidade dos fatos. Contra o curso da vida. Contra a não-armação de redes.

É besteira? Não. Não é nada de besteira.Não há nada besta em ter que deixar de armar redes ao lado de outras redes, desde que os donos destas redes(que não é o alvo/é o alvo, deste texto), sejam as pessoas por qual você estaria todos os dias armando sua rede velha desbotada.

É a vida? Se for me desculpe, mas , que vida fulêra então. Vida apareça! É tão fácil pra você fazer com que as pessoas desistam de armar redes?! Agora me faça desistir de querer armá-las todos os dias, no mesmo local.

É loucura? É. Nunca pensei que redes me fariam chorar.


Iúna Gabriella Paiva

Velha roupa colorida

















Talvez o fato de estar saindo da universidade, vem me fazendo pensar na vida com uma frequência assustadora. Então cheguei em casa, dei uma olhada nas minhas fotos e pensei nas coisas que fiz ou deixei de fazer, nas pessoas com quem me envolvi, se levei e o que levei de cada uma, se a vida poderia ter sido melhor ou pior, se fiz alguma coisa que pudesse me orgulhar...

E o mais engraçado, analisando minha vida, tive vontade de rir e chorar(ao mesmo tempo). Até acho que quando nasci, um anjo veio e disse: Vai Iúna, só viver a vida! -parafraseando Drummond.

Tenho um nome complicado, o Iúna(Águas Pardas em tupi) é fruto talvez de uma louca alucinação de meu pai e o Gabriella nasceu do gosto de minha vó pela novela Gabriela cravo e canela.

Olhando minhas fotos, tive sensações de perda, alegria, um misto de sensações, era como se eu voltasse por alguns instantes pra aqueles instantes que foram amarrados na fotografia. Era uma espécie de efeito borboleta, de transe , me reconhecer em rostos e corpos menores que o de hoje foi como entrar em nirvana.

E me vi pequenininha, aos quinze, aos dezoito, aos vinte e dois, e tive vontade de voltar a querer ser: paquita da xuxa, power ranger, vontade de voltar a minha primeira e única aula de judô, aos bons tempos de natação, tempos de volêi, a minha vontade de montar uma banda, aos meus tempos de viver em beira de calçada, a minhas fugas frustradas de casa, a velha vida de amigos-escola-amigos-educação fisica, vida de festas bregas, carnavais, saidas com carros cheios, reuniões em familia....

Vontade de ser eu de novo em cada fase da vida por qual passei. Cada uma com suas especificidades, suas imperfeições, suas histórias, suas pessoas. Em cada uma das minhas fotos, estava eu, com a mesma cara de sempre, ou melhor, com a mesma cara de todas as fotos.


E vi, e me vi, melhor dizendo. E senti saudades das pessoas, de todas que passaram por minha vida.

"O passado é uma roupa que não nos serve mais" -Belchior



Iúna Gabriella Paiva

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Frases marcantes de filmes


E.T diz: TELEFONE,MINHA CASA!

Quem não chora?

Sobre várias coisas,começando pela vontade de descrever pessoas

Sempre tive vontade de escrever sobre algumas pessoas que passam por minha vida. Tenho sérios problemas com palavras. Minha cabeça está cheia de coisas que queria guardar, jogar, depositar num pedaço de papel.

Na maioria das vezes essas palavras(soltas ou não), ficam dançando em minha cabeça, deixando-me mais doida que de costume. E quando isso acontece quase sempre estou num ônibus lotado, o que torna escrever quase impossível.

Desço do ônibus tentando lembrar pelo menos uma palavra pensada, enquanto estava imersa num mar de cheiro, expressões e cores que é um ônibus cheio.

Chego em casa e faço o de costume, ligo o computador, coloco algumas músicas legais e relaxo enquanto as escuto. Confesso! Também tenho um sério problema com música. Apesar de ter uma pilha de cd´s, de artistas maravilhosos, só consigo escutar :Engenheiros do Hawaii e Belchior.

Este último, tem se tornado um tormento em minha vida. Há tempos anda impregnado em mim. E logo hoje resolvi fazer um flash-back dos cd´s do Belchior, que há muito não me dava o luxo de apreciar. Confesso! Também tenho um sério problema em escutar cd´s do mesmo artista, apesar de possuir a discografia completa, sempre escuto apenas um, quando este, depois de muito usado e abusado se desgasta, passo pra outro que tem a mesma missão: rodar, rodar até ralar.

E ai não sei por que raios, hoje dei pra me impressionar com a música: "Monólogo das grandezas do Brasil", então começo a pensar que realmente acertei em uma coisa na vida, na vontade de conhecer o Brasil.

E não sei como, de acordo com o inicio do texto, onde eu falava na minha dificuldade de descrever pessoas, cheguei ao fim falando sobre a vontade que tenho em conhecer o Brasil.


Vai entender. Ou melhor, não vai entender.


Iúna Gabriella Paiva

O blog

Resolvi recriar meu blog por motivos de "insônia-maior". Sim, pra dá pras pessoas, que assim como eu, "trocam o dia pela noite"(nos dizeres de minha mãe), mais uma forma de passar o tempo.

Tentando assim,desvirtuá-las do orkut, globo.com/bbb, sites de resumo de novelas ou até mesmo o msn. Que pretensão essa minha!

Não sei por quanto tempo manterei este blog. Tomei a manutenção desse blog como mais um desafio pra mim. Não sou uma pessoa tão interessante, e nem levo uma vida de pessoas "interessantes", tipo: baladas, fotos com o dedo em forma de V , não escrevo coisas como: miguxo, axim, ou, palavras aLtErNaDaS em maiúsculas e minúsculas.

Mas fiz o blog, tenho então que escrever. Vou fazer dele meu bichinho virtual. Pode até ser que ele morra de fome, como aconteceu com o verdadeiro que tive há cerca de 10 anos atrás, mas pelo menos tive um.