quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como um refrão de bolero

No exato momento em que me olho, através de um fundo brilhante de um cd qualquer, vejo nele cores fortes deformando meu rosto, penso em mim como se não fosse meu aquele rosto, aquela expressão triste e sonolenta.

Giro o cd que está entre os dedos meus, como se não quisesse ver-me e o ponho a admirar outro lugar que não seja minha cara.

Tento pensar num próximo filme a baixar de um daqueles "escritores" que enchem meu ser de poesia em seus filminhos, ou, penso mais ainda, e não sei porquê, numa música do grande poeta Belchior, aquela música que fala da divina comédia humana que é a vida.

E o cd entre meus dedos, girando lentamente a procurar-me, até onde eu mesmo não espero. E quando ele dá vida ao dedo que me pertence, que faz parte do mesmo objeto chamado: "meu corpo", um corpo intacto, imóvel, fascinado e a espera de algo que não seja apenas o seu reflexo, como naquele momento.

Estou cansada de reflexões acerca do que não entendo(acerca de mim).


Iúna Gabriella Paiva

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